sexta-feira, 29 de maio de 2009
Falando de amor...
Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu’alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!
Quero em teus lábio beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d’esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!
Vem, anjo, minha donzela,
Minha’alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!
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Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo a 12 de setembro de 1831 e morreu no Rio de Janeiro a 25 de abril de 1852.
Bacharelou-se em Letras no Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro, e freqüentou a Faculdade de Direito de São Paulo, onde não chegou a completar o curso, por ter falecido com vinte e um anos de idade, antes de concluir o quarto ano.
Dotado de prodigiosa versatilidade, dominava todas as manifestações da poesia, desde a cândida melancolia do lirismo à impudica desfaçatez do erotismo.
Deve notar-se que, na maioria dos seus poemas, flutua um ambiente funesto, onde a morte constitui o tema central.
Parece ter havido no poeta o constante pressentimento dos breves anos que iria viver.
Por estranho paradoxo e para mais realçar a elasticidade dos seus recursos, foi ele, o poeta dos versos sombrios e cinzentos, quem introduziu o humorismo na poesia brasileira.
A irreverente ironia de alguns dos seus poemas chega a fazer duvidar que tivessem saído da pena desesperada que compôs os outros.
Alvares de Azevedo é a patrono da Cadeira N.o 2 da Academia Brasileira de Letras.
Algumas das obras de Álvares de Azevedo são as seguitnes:
Poesia: Obras I, Lira dos Vinte Anos (1853),
Prosa: Obras II, Macário, A Noite na Taverna (1855) etc.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
terça-feira, 26 de maio de 2009
Um pouco de poesia...
Sobre a folhinha verde
Filhinhos ovos
Mamãe Leta depositou
Papai Borbo voou
Seu tempo terminou
Dos ovos não cuidou.
Mamãe Leta se foi
Vida de curta duração
Apenas ovos em evolução
No dia da eclosão
Lagarta deu explosão
Êta bichinho
Uma folhinha, mais uma
Outra mais até crescer
Está na hora de adormecer
Pendurada num galhinho
Num casulo bonitinho
Desenvolve-se ex-lagartinha
Passa o tempo, tempo passa
Passatempo sem graça
Pendurar-se num galho
Sem atalho no tempo
À espera de um momento
Da grande transformação
Êpa! Algo diferente!
Surgiu asa transparente
Será um ser independente.
Abandonado ao lado sul
Onde está seu morador?
Voa livre a borboleta azul.
Denise Severgnini
A tia Catarina
Cata a linha
A tia Teresa
Bota a mesa
A tia Ceição
Amassa o pão
A tia Lela
Espia a janela
A tia Cema
Teima que teima
A tia Maria
Dorme de dia
A tia Tininha
Faz rosquinha
A tia Marta
Corta batata
A tia Salima
Fecha a rima.
Elias José
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À tarde, o cavalinho branco
está muito cansado:
mas há um pedacinho do campo
onde é sempre feriado.
O cavalo sacode a crina
loura e comprida
e nas verdes ervas atira
sua branca vida.
Seu relincho estremece as raízes
e ele ensina aos ventos
a alegria de sentir livres
seus movimentos.
Trabalhou todo o dia, tanto!
desde a madrugada!
Descansa entre as flores, cavalinho branco,
de crina dourada!
Cecília Meireles
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O PATO DOIDO
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Conhecendo Tarsila do Amaral
Foi a pintora mais representativa da primeira fase do movimento modernista brasileiro, ao lado de Anita Malfatti.
Seu quadro Abaporu, de 1928, inaugura o movimento antropofágico nas artes plásticas.
Nasceu em
1 de setembro de 1886, na Fazenda São Bernardo, em Capivari, interior de São Paulo, filha de José Estanislau do Amaral Filho e de Lydia Dias de Aguiar do Amaral, e neta de José Estanislau do Amaral, cognominado “o milionário” em razão de sua imensa fortuna acumulada em fazendas do interior paulista.
Seu pai herdou tal fortuna e diversas fazendas, onde Tarsila passou a infância, com seus sete irmãos. Desde criança, fazia uso de produtos importados franceses.
A menina foi educada conforme o gosto do tempo: sua primeira mestra, a belga Mlle. Marie van Varemberg d’Egmont, ensinou-lhe a ler, escrever, bordar e falar francês.
Na casa da família, D. Lydia alegrava o ambiente tocando piano, enquanto seu marido recitava versos e poesias em francês, retirados da vasta biblioteca da fazenda.
Tarsila do Amaral estudou em São Paulo, em Colégio de freiras do bairro de Santana, e no Colégio Sion. E completou os estudos em
Barcelona, na Espanha, no Colégio Sacré-Coeur, onde venceu vários concursos de ortografia.
Ao chegar da
Europa, em 1904, casou-se com André Teixeira Pinto.
Começou a aprender pintura em 1917, com Pedro Alexandrino.
Mais tarde, estuda com George Fischer Elpons. Em 1920, viaja à Paris e freqüenta a Academia Julian, onde é orientada por Émile Renard.
Na França, conhece Fernand Léger e participa do Salão Oficial dos Artistas Franceses de 1922, desenvolvendo técnicas influenciadas pelo cubismo.
De volta ao Brasil, em 1922, une-se a Anita Malfatti, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade, formando o chamado Grupo dos Cinco, que defende as idéias da Semana de Arte Moderna e toma a frente do movimento modernista no país.
Casa-se com Oswald de Andrade em 1926 e, no mesmo ano, realiza sua primeira exposição individual, na Galeria Percier, em Paris
A partir de então, suas obras adquirem fortes características primitivistas e nativistas e passam a ser associadas aos Movimentos Pau-Brasil e Antropofágico, idealizados pelo marido.
É dessa época sua tela Abaporu, cujo nome de origem indígena que significa "antropófago". A teoria antropofágica propunha que os artistas brasileiros conhecessem os movimentos estéticos modernos europeus, mas criassem com uma feição brasileira.
Em
1931, após viagem à União Soviética, passa por uma fase de temática mais social, da qual são exemplos as telas Operários e Segunda Classe. Expõe nas 1ª e 2ª Bienais de São Paulo e ganha uma retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) em 1960.
É tema de sala especial na Bienal de São Paulo de 1963 e, no ano seguinte, apresenta-se na 32ª Bienal de Veneza.
Apesar de integrar-se ao movimento modernista brasileiro, não participou da Semana de 22 porque não se encontrava no Brasil
Antropofagia
O Lago
segunda-feira, 18 de maio de 2009
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Clique na Mariposa para jogar!!
Mariposa Drag vibrant amber pieces to create groups of three or more and free the butterflies. |
terça-feira, 12 de maio de 2009
Homem Nu - Fernando Sabino
O Homem Nu, de Fernando Sabino.
Aproveitamos para identificar algumas características do conto e depois os alunos ilustraram.
Conto é uma breve e completa história em prosa.
Características gerais: poucas personagens bem descritas, poucos incidentes bem delineados, um breve motivo, concentração do espaço e do tempo.
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Fernando Sabino
Ao acordar, disse para a mulher:
— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televisão!
Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
— Maria, por favor! Sou eu!
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!
— Isso é que não — repetiu, furioso.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Imagine que eu...
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
— Valha-me Deus! O padeiro está nu!
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
— Tem um homem pelado aqui na porta!
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
— É um tarado!
— Olha, que horror!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
Não era: era o cobrador da televisão.
Nascimento:12/10/1923
Natural:Belo Horizonte - MG
Morte:11/10/2004